16/08/11

às voltas com a volta

Vai para baixo? Então passe, passe!! Ficou tudo admirado, mas eu não me fiz de rogado e toca de pedalar por ali abaixo até Gouveia. A estrada estava “limpa”, a mota da GNR-BT passou por mim alguns kms depois, afrouxou, olhou para mim e depois continuou.
Mas, vamos voltar um pouco atrás e contar toda a história desde o início.
O convite para subir à Torre, no dia da etapa da volta a Portugal Seia-Torre, partiu de um amigo e eu não podia dizer que não. O ponto de partida combinado foi em Paranhos da Beira, a cerca de 8 kms de Seia, ao longe já era possível avistar a imponente Serra da Estrela. Os kms iniciais até Seia serviram para aquecer um pouco, um sentimento de apreensão e excitação por aquilo que nos esperava era comum a todos. A confusão em Seia já era bastante, polícia, carros oficiais, imprensa, depois de alguma indecisão começamos a subir.
Subir à Torre em dia da volta a Portugal é uma romaria, grupos e mais grupos já se reuniam por ali para iniciar a escalada. Já tinha visto a altimetria e realmente a subida prometia ser bastante dolorosa, mais seria para os ciclistas da volta que saíam de Seia, contornavam toda a serra (Penhas da Saúde e Douradas, Gouveia) e regressavam novamente a Seia, já com muitos kms, para depois enfrentarem aqueles terríveis 32 kms finais até à Torre.
Os primeiros kms foram bastante duros, depois aliviou um pouco, mas até ao Sabugueiro as inclinações foram sempre muito acentuadas. A descida para o Sabugueiro deu para descansar um pouco e recuperar algumas forças, mas o que nos esperava depois disso era assustador. A primeira subida é de cortar a respiração, o calor era já muito e o esforço despendido também. Alguns já desciam, os carros e as barracas das pessoas que aguardavam a volta eram já bastantes, já cheirava à volta…
Até à Lagoa Comprida ainda demorou, depois curva após curva começamos a avistar lá ao longe a Torre. Parecia já ali, curva e mais curva, tinha ouvido alguns comentários pelo caminho que estes kms finais não eram fáceis, e não foram, mas com mais um esforço conseguimos alcançar o objectivo.
Fotos da praxe, comer alguma coisa e resolvi seguir caminho. Tinha pensado em depois de chegar à Torre e dependendo da disposição, regressar a Paranhos (onde tínhamos o transporte) mas pelo lado de Gouveia.
Sabia que tinha de vir ao Sabugueiro e depois uns kms mais à frente teria de seguir uma indicação á direita em direcção a Gouveia. Encontrei um polícia nesse cruzamento que me confirmou ser aquela a estrada, no entanto alertou-me que a caravana deveria estar a passar na estrada que vinha das Penhas Douradas para Gouveia. A ideia era essa, vê-los passar se possível e depois seguir até Gouveia.
Ainda tive de subir uns bons kms até esse cruzamento, a confusão por ali era grande, muita gente a querer passar e um polícia que não deixava ninguém seguir caminho. Estive por ali ainda uns minutos, até que perguntei ao polícia se podia seguir em direcção a Gouveia, qual não foi o meu espanto quando ele me disse “Vai para baixo? Então passe, passe!!”
O resto da história já conhecem, fui sempre a pedalar até que passou a primeira mota da BT por mim. Fiquei um pouco admirado mas continuei sempre em bom ritmo, a estrada não era má e eu já tinha percebido que não passava nenhum carro. Curva após curva fui deslizando montanha abaixo, até que à entrada de uma curva mais fechada olhei para trás para ver a paisagem, e qual não foi o meu espanto quando vejo um grupo de cerca de 20 ciclistas da volta a cerca de 2 kms de mim. Pensei, estou tramado, deixa-me sair daqui antes que isto dê bronca. Assim que pude encostei à berma, passado pouco tempo eles passam por mim a grande velocidade. Ainda ali estive uns minutos, não se via ninguém e resolvi seguir estrada abaixo. A maior surpresa ainda estava para vir, quando uns kms depois dou por mim numa estrada cheia de pessoas que me aplaudiam, ainda tentei dizer que não era ciclista mas quem é que me ouvia, os incentivos e as fotografias eram tantos que eu resolvi ter o meu momento de glória e dar o meu melhor!
Os kms foram passando, sempre com grande apoio, até que quando dei por mim estava na via rápida de acesso a Gouveia. As pessoas nos pontões aplaudiam e incentivavam, eu pensava que estava na hora de sair daquele filme. Mais uma curva e eis que apareceu a rotunda de acesso ao centro de Gouveia, o sinaleiro estava no meio da estrada a apitar muito e a agitar a bandeira amarela. Na rotunda estava um mar de gente e eu pensei “hoje é para a desgraça!”, segui em frente para a rotunda, mas entrei no sítio errado, vinha com muita velocidade e com um ritmo cardíaco alto, toda a gente ficou espantada, travei a fundo e tive de tirar a mudança do prato grande, quando a corrente caiu…
Era altura de abortar esta aventura que já tinha ido longe demais. Tinha parado uns metros á frente da rotunda e estava tentar meter a corrente, quando aparece um senhor a gritar comigo a dizer que tinha de passar para o outro lado e continuar, eu já estava tão chateado com aquilo que virei costas e nem lhe disse nada. Mais á frente encontrei um repuxo de água e parei para lavar as mãos que tinha cheias de óleo. À frente seguia no passeio uma senhora que quando me viu, parou, sorriu, tirou a máquina fotográfica e começou a tirar fotografias. Que mais me poderia acontecer!!
Bebi água e segui, a estrada era apertada e em paralelo, depois de mais uma curva apertada encontro um mar de gente que me aplaudia e incentivava a continuar. Isto não podia estar a acontecer, estava sem saber como outra vez no meio do percurso da volta e sem qualquer escapatória possível. Lá tive de continuar por ali acima, ia já bastante cansado mas os incentivos deram força. Depois de mais uma curva apareceu a placa da Meta Volante a 200 metros e eu pensei, agora tenho mesmo de sair daqui. Uma rua lateral cheia de gente foi a minha salvação, mesmo assim foi complicado porque toda a gente me dizia que não era por ali e que tinha de continuar, enfim surreal…
Parei num café ali perto e decidir descansar um pouco. Pedi qualquer coisa para beber, na televisão estava a dar em directo a volta, meti conversa com o senhor do café que se riu. Disse-lhe que queria ir para Paranhos, ele disse-me que só existia um acesso e que era por onde ia passar a volta, eu pensei “bem, já chega!”.
Não tinha outra possibilidade, por uma rua paralela fui sair a uma outra que estava cheia de gente à espera da volta. Alguns ficaram surpreendidos por me verem ali, mas outros aplaudiam e incentivavam-me. Mais à frente encontrei alguns bombeiros a quem perguntei como é que apanhava a estrada para Paranhos. Eles um pouco admirados lá me explicaram por onde é que devia ir, e assim foi, mais uns metros e saí de vez desta aventura. Mais uns kms e estava de regresso a Paranhos.
Enquanto me lembrar desta não me meto noutra!!
The end.


Course Details:Track Points 1579
Distance 100.90 kms
Estimated Time 5:06:10
Ascent 2209 meters
Descent 2218 meters
Start Elevation 414 meters
Finish Elevation 405 meters
Minimum Elevation 400 meters
Maximum Elevation 1986 meters


11/08/11

Rescaldo da Etapa da Volta 2011 (Viseu-Caramulo-Viseu)

Mais uma vez participei nesta etapa da volta que decorreu no dia 10 de Agosto, dia de descanso da Volta a Portugal.
O percurso desta vez era relativamente perto de casa, a partida foi dada em Viseu com destino ao Caramulo, onde depois regressámos novamente a Viseu. A dificuldade deste ano esteve na subida de Campo de Besteiros para o centro do Caramulo, onde era efectuado o controlo dos tempos. Apesar de andar algumas vezes pelas bandas do Caramulo, esta era uma vertente da serra que eu desconhecia, mas que deve ser das mais duras. Zonas com inclinações de 17 a 21%, foi muito duro, mas foi um grande dia de convívio.



Rescaldo do 4º Passeio btt Nocturno "Rota das Minis"